domingo, 28 de setembro de 2008
Hoje a Rede Record comemora 55 anos
A Rede Record comemora neste sábado, 27 de setembro, 55 anos de história. A emissora fundada por Paulo Machado de Carvalho em 1953 vive hoje um dos seus melhores momentos de sua história e detém o orgulhoso título de único canal dos tempos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek a sobreviver até os dias de hoje, embora com uma missão totalmente diferenciada da inicial.
A Record foi ao ar pela primeira vez às 20h53, com um musical comandado por Sandra Amaral e Hélio Ansaldo. Era o começo do fim do monopólio da Tupi. Os primeiros anos da TV foram marcados por grandes shows e humorísticos, tornando-se uma opção a tradicional concorrente. A primeira década também ficou marcada por vários títulos inéditos como o primeiro seriado produzido no Brasil, Capitão 7, que durou 12 anos. Também foi pioneira na transmissão da primeira partida de futebol, realizada entre Santos e Palmeiras - com vitória do time do litoral paulista - no dia 18 de setembro de 1955.
Em 1960 os tempos melhoraram para a Record. Os famosos anos dourados em que Brasília se tornava capital do Brasil - a qual foi a única a noticiar a festa - , uma série de independências ocorriam mundo à fora e a vitória de Jânio Quadros para presidente do país foram matérias que a emissora apresentou para um grande público que lhe dava a liderança de audiência. Festivais exaltando a Música Popular Brasileira ocorreram e com enorme apelo popular. Além da música, houve uma extensão para a produção de humorísticos, como a Família Trapo, sucesso absoluto de audiência. Esta década também foi marcada pela estréia de Hebe Camargo em um programa que a consagra como entrevistadora. Assim como ela, Jô Soares, Jair Rodrigues, Ronald Golias, Elis Regina e Roberto Carlos foram alguns dos protagonistas da melhor década da história da empresa.
A década de 70 foi marcada por menos brilho em sua programação. Em 1972, Silvio Santos compra 50% das ações da Record e o título de liderança foi passado para a Rede Globo. Nos anos 80, o famoso termo "Década Perdida" também foi emprestado à Record. A audiência continua a cair pois os olhares do dono do Baú eram dirigidos à TVS, o que fazia da histórica rede apenas uma retransmissora.
O fim da década de 80 foi marcada pela venda da Record para o Bispo Edir Macedo. Foi uma operação polêmica, afinal Silvio foi saber na reta final da negociação que o comprador era o bispo da Universal. Embora tivesse tentado voltar atrás por ter medo que a empresa que já havia sido um grande império da história da televisão brasileira se tornar uma igreja eletrônica, o comunicador fracassou. A Record sob Edir Macedo começou com grandes dívidas e com problemas para se manter viva. A salvação da TV deveu-se graças ao plano econômico do presidente Fernando Collor. Enquanto o país todo caminhava para o abismo, a inflação subia para índices jamais vistos, cidadãos suicidavam e as cadernetas de poupança eram retidas pelo governo, a emissora voltava a prosperar e suas dívidas foram pagas em um período muito mais rápido que o planejado pelo líder religioso.
Apesar da profecia de Silvio Santos não ter ser cumprido por completo e a Record não ter se transformado em uma igreja eletrônica, em alguns pontos o empresário estava certo. Com baixos índices de audiência, foram anos de ostracismo. Prejuízos eram adquiridos ano após ano e salvos pela injeção de um alto capital oriundo da Igreja Universal na compra de alguns horários. A cobertura foi crescendo e cidades como Goiânia, Florianópolis e Salvador foram anexadas à lista de cidades com exibição do canal.
1997 foi o ano em que a reviravolta começava, pois embora ainda o lucro não tivesse sido alcançado, foi o período de maior destaque da Record desde a venda para Edir Macedo. Atrações como o programa popularesco de Ratinho, que consistia em mostrar de uma forma singular o drama das pessoas com pautas que incomodaram até a famosa novela das 8 da Globo. Também foi o ano em que Ana Maria Braga estava no ápice de Ibope, com médias de 10 pontos que só são superadas pela emissora carioca nos dias de hoje. Outro fator que melhorou a imagem da Record perante os patrocinadores foi a contratação de Bóris Casoy, vindo do SBT insatisfeito pelas mudanças constantes e da intenção de transformar seu jornal em um programa popular. Fatores como esses e ao declínio da Manchete fizeram a emissora a se consolidar no terceiro lugar de audiência. Investimentos na dramaturgia e uma linha jornalística mais investigativa foram os pontos que marcaram o fim da década de 90 e o começo dos anos 2000 na Record.
A real reviravolta se deu em 2004, quando a emissora tirou grandes atores, produtores, jornalistas, escritores e técnicos da Globo para participarem do projeto "A caminho da liderança". A novela A Escrava Isaura, remake escrito por Tiago Santiago do livro de Bernardo Guimarães e que já tinha sido produzido pela concorrente foi então a primeira trama escolhida para inaugurar um novo horário de dramaturgia. 2005 foi marcado pela inauguração dos estúdios cariocas que iriam produzir as próximas novelas. A estreante no Rio de Janeiro foi Prova de Amor, símbolo da consolidação dramatúrgica da rede. Já em 2006 em franco ritmo de crescimento, a Record já estava pronta e inaugurou então o segundo horário de novelas com Cidadão Brasileiro, de Lauro César Muniz que também veio da concorrente. O ano também foi marcado pela criação do terceiro horário com a jovem Alta Estação - a Malhação da Record, mas que foi extinto em menos de 1 ano pelas baixas na audiência.
Hoje a Record briga pela vice-liderança de audiência com o SBT - nos meses anteriores foi vice, mas em agosto o SBT recuperou e fechou em 2° - na chamada média-dia (07h-00h) e comemora grandes vitórias como o direito de exibição da próxima Olimpíada de Londres em 2012, evento que pela primeira vez em mais de 30 anos será exibido exclusivamente por uma emissora que não é a Rede Globo. Os Jogos de Inverno de Vancouver e o Pan Americano de Guadalajara também foram adquiridos junto com a exibição de alguns campeonatos estaduais de futebol que já levaram a Record aos 40 pontos de audiência - índice similar ao de uma novela global - na Bahia.
A meta continua sendo a liderança e cerca de metade do caminho já foi percorrido. Hoje a Record tem pouco menos de 50% da audiência da rival carioca e apesar de ainda não ter consolidado a vice-liderança em alguns horários dominados pelo SBT, é a menor distância que existe entre as duas históricas concorrentes desde a década de 70. Para comemorar os 55 anos, especiais já estão sendo gravados e novidades na programação devem chegar na reta final de 2008. Na próxima semana, o Repórter Record e o Câmera Record irão retratar os mais destacantes momentos do canal.
Na Telinha
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