O Fuxico – Após sete meses de férias, você retorna à Record em Bela, A Feia, novela que será adaptada por Gisele Joras?
Angelina Muniz – Estou reservada para essa novela, sim. Mas, soube que o Tom Cavalcante gostou da minha participação em Louca Família e quer o meu passe. Já disse a ele que não sei fazer rir, mas o Tom acha que embarco na onda dele direitinho. Esta semana, a Record deve bater o martelo.
OF – Alguns autores da emissora teriam criticado a parceria entre Record e Televisa. O que acha de participar dessa trama colombiana?
AM – Acho fantástico atuar em uma história que é líder de audiência em vários países. Pela primeira vez, uma emissora poderá mudar os rumos da trama principal, criar novos personagens e até idealizar os cenários, sem a opinião da Televisa. Trabalhei no SBT e sei que eles não tiveram essa liberdade. A equipe da Televisa fiscalizava tudo.
OF – Após passar pelas maiores emissoras do país, como avalia a qualidade das novelas da Record?
AM – Sou contratada da Record até 2011 e fico feliz por isso. Porém, reconheço: a Globo é ainda a Globo. Ela não mede esforços e dinheiro para lançar produções de altíssima qualidade. Não acompanho Caminho das Índias, mas o pouco que vi, me deixou embevecida. Podem dizer que a novela não retrata a realidade da Índia, mas não dá para negar que as cenas são lindas.
OF – Não tem medo que a Record tenha uma reação negativa com suas colocações, elogiando a Globo?
AM – A teledramaturgia da Record é um investimento novo, diante dos 40 anos de experiência da Globo. E, apesar de engatinhar, tem abalado as estruturas da concorrente. Precisamos melhorar nossa produção, mas temos uma qualidade de imagem fantástica. E eles sabem disso.
OF – Por que o mesmo não acontece com o SBT?
AM – Creio que pela instabilidade de Silvio Santos. Uma hora ele quer investir em novela, depois desiste. Com isso, o canal perde credibilidade. Não digo apenas em relação à classe artística, mas principalmente do público. E isso tem se refletido na audiência deles.
OF – Íris Abravanel, mulher de Silvio Santos que assina a novela Revelação, deve adaptar textos de Janete Clair. O que acha disso?
AM – Não queria estar na pele dela. Se, para um autor consagrado, adaptar uma história desse ícone da nossa teledramaturgia é uma tarefa difícil, imagine para uma iniciante como a dona Íris? Pode ter certeza: a crítica especializada vai massacrá-la. Deixar sua mulher dar a cara a bater, deve ser mais uma decisão polêmica do Silvio.
OF – Por ser casada com um poderoso da área comercial da Record, Walter Zagari, já enfrentou preconceito dentro da emissora?
AM – Posso dizer que conheço bem essa história. Quando eu estava na Globo e o Walter na Record, ouvia pessoas dizendo que eu poderia ter mais destaque na emissora em que ele trabalhava. Conversamos muito sobre o assunto, quando recebi o convite.
OF – Teve medo das críticas?
AM – Sim. Apesar de saber que ele atua na área comercial e não tem influência na área artística, achei que poderia ser chato para ele. Mas, como atuo bem, independente do meu casamento, resolvi topar o desafio e não dar bola para os comentários maldosos. Sei que há pessoas talentosas como a Daniela Escobar, que por acaso foi casada com o Jayme Monjardim, que também enfrentaram esse tipo de preconceito. Mas, vamos combinar: não há o que discutir quando ela ganha um papel de destaque, é pelo fato dela ser muito talentosa. Por outro lado, claro que há, sim, atrizes que estão em novela por serem protegidas...
OF - Seu marido tem ciúme das cenas românticas?
AM – Ele tem muito ciúme de mim, seja em qualquer situação. Mas, me respeita e não me proíbe de nada.
OF – Então, posaria nua novamente?
AM – Quando nos casamos, há 24 anos, fizemos um acordo: eu nunca mais tiraria a roupa para uma revista. Não pega bem para um homem na posição dele. Fiz três ensaios para a Playboy, para me projetar no mercado, o que não acontece mais atualmente, e para engordar minha poupança. Hoje, já sou conhecida na tevê e não preciso de dinheiro.
OF – Algumas atrizes posaram aos 50 anos. Acha que está em forma para isso?
AM – Olha, hoje em dia contamos com o Photoshop, que transforma qualquer mulher em uma beldade. Mas, meu ego está ótimo e sei que meu tempo já passou.
OF – Apoiaria sua filha, a cantora Aline Muniz (fruto de sua união com o economista José Luis Ramos), a fazer um ensaio nu?
AM – Não aconselharia. A carreira musical não combina com isso. Quando eu posei, já era considerada símbolo sexual. E ela não tem esse perfil. A Aline é muito na dela, só pensa em estudar e trabalhar. Mostrar o corpo poderia atrapalhar seus projetos musicais.
OF – Você se arrepende de ter feito filmes mais ousados, como O Inseto do Amor?
AM – De jeito nenhum! Esse período fez parte da minha história. Assim como as novelas Vereda Tropical, Sassaricando, Bang Bang, da Globo; Bicho do Mato e Caminhos do Coração, da Record. Nas pornochanchadas, apenas mostrávamos os peitos. Pode ter certeza de que as cenas das novelas das oito são muito mais ousadas.
OF – Muitos atores reclamam que não conseguem furar o bloqueio do cinema atual. Acha que as pornochanchadas podem ter atrapalhado sua imagem?
AM – Não sei... Mas noto, é um mercado bem mais fechado que a televisão. Fiz um longa ‘cabeça’, intitulado Olho de Boi, e estranhamente não foi muito comentado na mídia. Se o trabalho que realizei nos anos 70 e 80 atrapalhasse minha imagem, o que diriam os diretores sobre as jovens que fazem coisas bem mais ousadas hoje? Preconceito não leva a nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário